Ela pergunta-me «e natureza?» e eu devolvo, com alguma aspereza (mais para me conter do que pelo assunto em si), que a natureza não me motiva. Mas depois, e apesar de não querer desenvolver, contradigo a intenção acrescentando: a natureza é monótona. E pronto, não se diz uma coisa destas sem desenvolver argumento, até porque ela retorquiu, e bem, de imediato que só de flores temos milhentas variedades.
A natureza é. Essas milhentas variedades e todas as outras que vierem a ser. A natureza está ali à vista de todos para ser observada, fotografada, dia após dia - a nascer, a crescer e a morrer; o sol a aparecer e a se pôr, dia após dia. A natureza é!
Oscar Wilde afirmava (livro Intenções, quatro ensaios sobre a estética) que "a Arte é, na verdade, uma forma de exagero; e a selecção, na qual reside o espírito próprio da arte, não é mais do que um modo mais intenso de multiplicar ênfase".
Não sei se a minha inclinação pela figura humana deriva muito disto, mas eu penso que a pessoa sendo disfarça-se, e é no que é, que eu não vejo, que procuro e acrescento; o meu aliciamento é esse, suponho; as personagens.
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