Nélia Duarte
Egon Schiele vai além do plano erótico e sensual que era a expressão forte de Klimt (de quem era amigo) para uma dimensão inquietante, explicita, trágica, agressiva; funesta. Resumia a sua filosofia existencial com a máxima: tudo está morto na vida.
Com um domínio absoluto da linha, uma técnica extraordinária e uma capacidade para expressar sentimentos como a angústia, a solidão e o sofrimento, Schiele incluiu na sua obra cerca de cem auto-retratos em poses inusuais, forçadas, teatrais, mutiladas, oferecendo uma nudez e magreza extrema que transcende o físico e nos emociona.
Em poucos anos de vida (28) Egon Schiele deixou uma obra marcante. Muitos dos seus desenhos tenho vindo a descobri-los na internet e fico sempre fascinada com o poder do seu traço.
O desenho abaixo foi executado antes de começar este texto, com marcadores, numa sucessão rápida e, como sempre, sem definir previamente um esboço, ou linhas de orientação. A obra de Schiele que o sustenta é: 'auto-retrato com colete de fantasia, de pé' (1911)
