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  • Foto do escritorNélia Duarte

Egon Schiele vai além do plano erótico e sensual que era a expressão forte de Klimt (de quem era amigo) para uma dimensão inquietante, explicita, trágica, agressiva; funesta. Resumia a sua filosofia existencial com a máxima: tudo está morto na vida.


Com um domínio absoluto da linha, uma técnica extraordinária e uma capacidade para expressar sentimentos como a angústia, a solidão e o sofrimento, Schiele incluiu na sua obra cerca de cem auto-retratos em poses inusuais, forçadas, teatrais, mutiladas, oferecendo uma nudez e magreza extrema que transcende o físico e nos emociona.

Em poucos anos de vida (28) Egon Schiele deixou uma obra marcante. Muitos dos seus desenhos tenho vindo a descobri-los na internet e fico sempre fascinada com o poder do seu traço.

O desenho abaixo foi executado antes de começar este texto, com marcadores, numa sucessão rápida e, como sempre, sem definir previamente um esboço, ou linhas de orientação. A obra de Schiele que o sustenta é: 'auto-retrato com colete de fantasia, de pé' (1911)

marcadores sobre papel A4


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  • Foto do escritorNélia Duarte

Do David Foster Wallace [1962 - 2008] Infinite Jest [a piada infinita] é daqueles livros que se evitam até ao limite da vida útil; e esse limite pode bem ser a opinião de um leitor que avaliamos. Foi o meu caso.

Evita-se porque 1102 páginas totalmente preenchidas com caracteres tamanho 10 mais 96 páginas de notas com caracteres de tamanho 8 são praticamente 5 cm e meio de lombada e um peso considerável que obriga a pousar o livro.

Evita-se porque tem uma quantidade razoável de palavras que não conhecemos e, dessas, erros ortográficos, estrangeirismos e neologismos.


Ainda, evita-se porque é impossível sublinhar. O melhor a fazer é desenhar longos retângulos em redor de parágrafos densos de letrinha miudinha, páginas e páginas...


Isto tudo, numa sequência de linguagem distinta para cada personagem e narrador, numa sucessão verdadeiramente alucinante, com espraiamento irónico e humor perverso, por zonas desconhecidas para muitos de nós. Isabel Lucas escrevia em 2016 (embora eu só agora tenha lido): "em 1996 David Foster Wallace escreveu um romance sobre a América num futuro próximo, um mundo dominado pelo digital e pela perseguição obsessiva do entretenimento. É uma epopeia alucinante. Há uma nação e, nela, a tristeza dos homens sozinhos. A piada infinita faz 20 anos: o futuro é agora."


literatura, desenho, artesanato

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  • Foto do escritorNélia Duarte

De novo no desenho e usando marcadores; acção; pensamento ausente na determinação da mesma. Chamo-lhe padrões e texturas, porque compreendem uma ou outra colagem de padrão recortado.


Conjuntos dispersos, pouco habituais, de traço mais minudente, sem expressão basilar mas, ainda assim, sujeitos a interpretação se o quisermos e nos for possível; também porque não resta nada para além dessa possibilidade, já que não há, nestes conjuntos, um resultado estético a considerar. São desenhos. Desenhos de texturas, desarticulados, impensados, rotinas de motricidade, gasto de tempo, tentativa de controle da alteração de humor, discorrência gráfica em contenção de expressão, ou de manifesto. O silêncio, fazer silêncio requer neste nosso tempo de ruído e conquista de espaço de exposição, cada vez mais, uma aprendizagem ou reaprendizagem. Ainda, conseguir comunicar com o outro em silêncio é, antes de mais, um benefício dos que, circunstancialmente, se interpretam com compreensão emocional.

marcadores sobre papel

( "quando às vezes ponho diante dos olhos" do disco "Por este rio acima" do Fausto Bordalo Dias)

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