- Nélia Duarte
No último dia do ano de 2020 apanhei lírios selvagens no lusco-fusco da madrugada sob a luz da lua cheia, num lugar campestre, onde se ouvem badalos ao movimento das vacas que pastem, entalado entre acessos a uma autoestrada e um parque fotovoltaico que ofusca de brilhos sob o sol.
Os lírios continuam viçosos e a aromatizar o ambiente, sente-se o aroma mais do que se sente o cheiro da lenha a arder que começa cedo porque o Inverno entrou no rigor das noites geladas e dos dias frios.
Passei a tarde do último dia do ano a pintar mas acabei por raspar a tinta toda que é o que faço quando me desgosta o rumo do pincel.
No primeiro dia do ano voltaria àquela tela. E voltei.
Nestes dias fiz dois trabalhos que são de dimensões razoáveis para integrar uma próxima exposição: o da tela a que voltei e está no final deste post e um outro, recuperação de uma tela que já havido sido exposta e não tinha futuro nenhum, que foi uma segunda tentativa - frustrada - de pintar uma mulher desenhada sem óculos num A3 com esferográfica; saiu-me, de novo, um homem; a primeira tentativa, que já tem casa e só aguarda a secagem para seguir viagem, já me tinha saído um homem; irei tentar outra vez decerto, sou teimosa.
Pintei ainda um ceramista muito geométrico e ao meu gosto e mais duas ou três coisas que provavelmente vão ser alvo de alterações, estas últimas telas mais pequenas e de maior comodidade para pintar em qualquer altura.
Esta é a minha primeira de 2021.
