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  • Foto do escritorNélia Duarte

Não há muito tempo vi pela primeira vez, numa rede social, uma sequência de litografias da autoria de Pablo Picasso que são uma verdadeira lição de desenho; de como simplificar à redução bela de linhas e à abstração. Observando, senti tudo aquilo como uma epifania. Era aquela a via mais rápida para um resultado satisfatório. Tinha, numa parede cá em casa, uma tela pintada a óleo há mais de quatro anos; uma tela que tinha um nome bonito "avolumam-se de palavreado", que já me havia valido um início de conversa num auditório cheio de alunos do 2º ciclo, onde eu lhes falei, entre outras coisas, das formas e da sugestão que as mesmas nos podem dar para concretizar um desenho, naquele caso o que me havia sugestionado fez rir a audiência porque ouviram de mim a palavra: rabo. Para além das formas (e volumes), cores quentes intensas, nada mais tinha que ainda me fizesse parar para a observar e, também por isso mesmo, na parede de passagem. Ali esteve até ontem. Terá a monocromia de uma litografia. Terá a simplificação do traço. Espero. Ouço Shane MacGowan (Viva!) em "summer in sian".

"When it's summer in Siam

And the moon is full of rainbows

When it's summer in Siam

Then we go through many changes

When it's summer in Siam

Then all I really know is that I truly am"








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  • Foto do escritorNélia Duarte

Quis o acaso e a sorte que às mãos me viesse parar um catálogo de uma exposição patente no Centro Cultural de Lagos que reuniu obras de Bravo, Cutileiro, Lapa e Paolo, no verão de 2005. Um catálogo muito bonito com design gráfico de Jorge Rocha, capa negra e registo do número 60 a branco. Catálogo este que me chega às mãos quatro meses após o meu último post [Lagos, a última estação]e que está inteiramente relacionado com o que aí escrevi. "Um lugar além" titulo do texto de João Pinharanda que é um belo elogio a Lagos, assim como o é o poema de Sophia que abre o catálogo: "Lagos onde reinventei o mundo num verão ido / Lagos onde encontrei / Uma nova forma do visível sem memória / Clara como a cal concreta como a cal / Lagos onde aprendi a viver rente / Ao instante mais nítido e recente / Lagos que digo como passado agora / Como verão ido absurdamente ausente / Quase estranho a mim e nunca tido / (…)" Neste mesmo catálogo há um texto de José Manuel Miranda Justo (para o catálogo da exposição do Joaquim Bravo, em Setúbal, na Casa do Bocage, Outono de 1982) que acaba magistralmente desta forma: "Como se apenas se dissesse que de um real que não se suporta a única coisa a fazer é construí-lo". Justo, o meu professor de inglês e de Introdução à Política que nunca mais vi, mas que saberei sempre, reconhecidamente, ter contribuído, pelo que me ensinou, para a pessoa/cidadã que hoje sou. Tenho vindo, aos poucos, a descobrir o trabalho do Álvaro Lapa e cada vez mais gosto muito do que dele vou vendo. Do catálogo a imagem de 4 peças suas, datadas de 1968, sem título.


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  • Foto do escritorNélia Duarte

Pintei diariamente durante o mês de Julho, o meu mês de férias. Procurei juntar um número razoável de trabalhos que, com outros dos últimos dois anos, permitissem uma selecção a expor. Figurativo, no feminino, foi por onde me movi grande parte do tempo. Mas não só. Após um mês intenso respirei fundo e aligeirei numa tela que vive na parede da minha sala e já teve várias versões [esta]. Depois dessa peguei em outras que já tinham sido vistas por públicos e tinham deixado de fazer sentido para mim; um processo habitual: reciclagem. Passei a azuis e brancos, e tons ensolarados. Era Agosto. [aqui] e [aqui] Ainda nesse mês dei tinta numa tela, cores de areia e azul céu. E foi nessa tela que usei espátula pela última vez antes de estar aqui a escrever. A tela, [well, that figures, Cyril!] Não sei se estou a entrar noutra fase, mas estou a ir sem resistências de maior o que é bom. Faz dias estive numa palestra comemorativa dos 25 anos do LAC-Laboratório da Artes Criativas - Programa conhecimento, Lagos e as Artes com João Pinharanda, historiador de arte, crítico de arte e comissário, e com moderação do artista plástico A. Pedro Correia. João Pinharanda falou dos artistas plásticos que se encontraram e residiram em Lagos, a minha cidade, nos anos sessenta, setenta; António Palolo, António Charrua, João Cutileiro, Alvaro Lapa, Joaquim Bravo,... Joaquim Bravo , o que mais próximo está de mim pela vivência escolar, e que desenhava com bastante regularidade em papel manteiga que comprava numa pastelaria perto de casa.


2021, desenho digital [justiça]

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