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  • Foto do escritorNélia Duarte

A exposição «Entre paredes» reúne uma seleção de trabalho realizado entre 2020 e 2022, com exceção da pintura "sapatos amarelos" (2018). Pintado prematuramente, "sapatos amarelos" sugere uma narrativa de desconforto e expectativa que viria a ser vivida por muitos de nós nos últimos dois anos durante o confinamento social prolongado.

Opressivamente as paredes cercam e parecem mesmo abater-se sobre a figura feminina sentada que, ligeiramente curvada, deixa transparecer uma expressão de desânimo, ainda que a sua apresentação cuidada, glamorosa, nos possa sugerir que está preparada para uma saída desejada. A esperança que nela pressentimos é a que não deixámos, nem queremos deixar, de sentir. Entre paredes é um espaço privilegiado para a intimidade, um espaço preenchido de afetos, vivido de emoções, angústias e, também, da manifestação das nossas agressões.


Neste espaço, nestas paredes, estão algumas das muitas representações expressivas, ou narrativas de vida, que eu fui registando ao longo destes últimos dois anos como as pensei e senti. Esta é uma manifestação da minha existência; aqui e agora a comunicar convosco.

Obrigada,

Nélia Duarte






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  • Foto do escritorNélia Duarte

O tempo nada mais permite do que rabiscar em diário gráfico. Tenho usado esferográficas, marcadores e de vez em quando um pouco de tinta que tapa coisas que saíram menos bem.

No desenho não há borracha. Há soluções de desenho. Uma linha errada quando corrigida a marcador pode dar um reverso interessante ou uma nova composição.

Por vezes eles param e miram o que eu faço, alguns apreciam, com aquele encanto breve e sincero deles, outros nem tanto. Já houve um que me disse que eu até desenhava melhor do que ele mas ele desenhava muito mal. Ri-me. Vou sentir saudades de os ouvir, de os observar, mas preciso de usar o meu tempo, o que resta do meu tempo, no que mais gosto de fazer. Dos muitos desenhos que tenho fiz mais uma animação na timeline do PS, misturando algum trabalho digital.




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  • Foto do escritorNélia Duarte

Quando as palavras não bastam ou não se encontram haverá sempre um abraço e um coração a bater no outro. Lembro-me com alguma frequência de ter visto publicada a foto de uma bela escultura da artista RoMP (Rita Pereira [em homenagem a Matthias Sandeck, jovem atleta algarvio falecido em competição de pesca submarina em 2019] e de a ter lido em palavras poéticas e bonitas sobre a sua escultura. Comentei, o que seria de nós sem a poesia, e fi-lo numa aproximação ao que ela mesma sentia. Porque, e apesar do belo que se produza, subsiste a necessidade de chegar mais além, de tocar os intocáveis; e mesmo sem os tocar a certeza de que a poesia é o máximo que podemos para perceberem, ao menos, o quanto gostamos daquilo que fazemos. Ouço incansavelmente, porque eu sou de insistir até à exaustão, 'all things beautiful' do Nick Cave & Warren Ellis (e tanto melhor e mais bonito que os meus ouvidos já ouviram) desenho figuras que gritam e também outras, porque há gritos que eu ouço, sem ouvir. Sinto-os. Nos ouvidos, na cabeça, no corpo. A vida é injusta para qualquer mãe que perca um filho e eu só queria aliviar tanta dor e nem a que me cabe - por partilha de um coração a bater no outro - eu consigo, por mais desenhos que faça e por mais que ouça "all things beautiful". Nem poesia.





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