Percebo que sinto saudades dos pincéis e do óleo quando, a pintar com lápis de cor, o procedimento é o que uso quando pinto a óleo: aplicar cor, cor, e mais cor (freneticamente) e, só por causa de um traço mais escuro ali perdido pelo meio, partir para uma construção de traços que me levam a qualquer coisa; imperfeito, onírico, ou simplesmente a forma como eu memorizei as formas de um comboio. Surpreendi-me, claro. E é só por isto (surpreender-me) que valerá sempre a pena.
Desde que me lembro de gostar muito de cinema que me lembro de sentir fascínio por João César Monteiro. Não sei explicar isto.
Para além do incontornável talento, da irreverência e da inconveniência, a própria figura física, débil de olhar azul fulminante sempre me fascinou e continua a fascinar.
Havia um site que tinha muita coisa dele (fotos, textos, entrevistas, guiões, esquemas, etc. )que eu gostaria de ainda ter encontrado online para aqui deixar numa ligação mais estreita e para, assim, dar a conhecer melhor JCM.
Já o havia desenhado a pastel (quando comecei a desenhar e a pintar) e agora que tenho andado a explorar outros meios entusiasticamente virada para a tinta preta de lapiseira, voltei, como não podia deixar de ser, ao JCM. #artblog #retrato #biclaranja #cinema #joaocesarmonteiro
A chuva tomou conta da cidade; cá dentro, pela janela, posso observar o que acontece lá fora sem me molhar ou sentir frio. A cadela, Pilar, acompanha-me e posa sem saber. Desenho e pinto, traço orientado pelo que acontece e observo e não pelo que penso; e gosto de o fazer. Experimento material novo de pintura: canetas de aquarela; uso pastel de óleo que não usava há muito tempo e lápis de cor aguareláveis da caran d'ache ainda na caixa. O tempo passa demasiado rápido e eu nisto. As telas e o óleo, por agora, ficam no esquecimento dos dias.
7, abr, 2019
