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  • Foto do escritorNélia Duarte

Do David Foster Wallace [1962 - 2008] Infinite Jest [a piada infinita] é daqueles livros que se evitam até ao limite da vida útil; e esse limite pode bem ser a opinião de um leitor que avaliamos. Foi o meu caso.

Evita-se porque 1102 páginas totalmente preenchidas com caracteres tamanho 10 mais 96 páginas de notas com caracteres de tamanho 8 são praticamente 5 cm e meio de lombada e um peso considerável que obriga a pousar o livro.

Evita-se porque tem uma quantidade razoável de palavras que não conhecemos e, dessas, erros ortográficos, estrangeirismos e neologismos.


Ainda, evita-se porque é impossível sublinhar. O melhor a fazer é desenhar longos retângulos em redor de parágrafos densos de letrinha miudinha, páginas e páginas...


Isto tudo, numa sequência de linguagem distinta para cada personagem e narrador, numa sucessão verdadeiramente alucinante, com espraiamento irónico e humor perverso, por zonas desconhecidas para muitos de nós. Isabel Lucas escrevia em 2016 (embora eu só agora tenha lido): "em 1996 David Foster Wallace escreveu um romance sobre a América num futuro próximo, um mundo dominado pelo digital e pela perseguição obsessiva do entretenimento. É uma epopeia alucinante. Há uma nação e, nela, a tristeza dos homens sozinhos. A piada infinita faz 20 anos: o futuro é agora."


literatura, desenho, artesanato

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  • Foto do escritorNélia Duarte

De novo no desenho e usando marcadores; acção; pensamento ausente na determinação da mesma. Chamo-lhe padrões e texturas, porque compreendem uma ou outra colagem de padrão recortado.


Conjuntos dispersos, pouco habituais, de traço mais minudente, sem expressão basilar mas, ainda assim, sujeitos a interpretação se o quisermos e nos for possível; também porque não resta nada para além dessa possibilidade, já que não há, nestes conjuntos, um resultado estético a considerar. São desenhos. Desenhos de texturas, desarticulados, impensados, rotinas de motricidade, gasto de tempo, tentativa de controle da alteração de humor, discorrência gráfica em contenção de expressão, ou de manifesto. O silêncio, fazer silêncio requer neste nosso tempo de ruído e conquista de espaço de exposição, cada vez mais, uma aprendizagem ou reaprendizagem. Ainda, conseguir comunicar com o outro em silêncio é, antes de mais, um benefício dos que, circunstancialmente, se interpretam com compreensão emocional.

marcadores sobre papel

( "quando às vezes ponho diante dos olhos" do disco "Por este rio acima" do Fausto Bordalo Dias)

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  • Foto do escritorNélia Duarte

Amedeu Clemente Modigliani nasce toscano em 1884 numa família de judeus sefarditas e morre em terrível agonia de doença agravada por drogas e álcool em 1920 num hospital em Paris. Modigliani, à margem da vanguarda, demonstrou, em 1915, que era possível ser artista moderno sem pertencer a nenhum movimento.


Sem renegar as referências ancoradas na tradição e mantendo-se no âmbito do figurativo, a expressão de Modigliani não deixa de ser moderna: pelo aporte diversificado da influência do cromatismo revolucionário dos fauves; pelo processo de abstração onde capta o essencial do motivo guiando-se pela sua subjectividade.

Esta situação entre o passado e o futuro confere à obra de Modigliani uma qualidade atemporal que irá impedir o seu êxito numa época em que o novo começava a ser um valor em si próprio, mas que acabará por ter sucesso posterior.


Notado por um difuso elitismo, Modigliani centrava os seus ódios na burguesia e, sensível à desgraça humana, anotou num desenho: "a vida é uma prenda: dos poucos aos muitos; dos que sabem e têm aos que não sabem nem têm". Um agradecimento especial ao Prof. N. Pereira que um dia numa conversa informal me apresentou este Amadeu; julgo que ele percebeu primeiro do que eu como eu já gostava de Modigliani sem nada conhecer do seu trabalho.



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