NÉLIA

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  • Nélia Duarte
    • 2 de abr. de 2020
    • 2 min para ler

é dos livros


Utilizando pastel seco e papel reciclado de embrulho fiz retratos, retratos, retratos... rápidos, cada vez mais rápidos; fiz com todos eles um rolo verdadeiramente volumoso, mas fácil de armazenar. [alguns estão na galeria rabiscos 202]

Acabei por parar com os desenhos para passar ao óleo. E durante uma manhã fiz na tela, usando o pincel em movimentos rápidos, o que estava a fazer no papel reciclado com o giz de pastel: desenho; retrato, raspar tinta, outro retrato, raspar tinta, outro... até que parei! E comecei a abrandar e a colocar a tinta espalmando o pincel, que é a forma de 'desenhar' de dentro para fora. 


Quando a personagem começa a assomar na camada de tinta eu dedico-lhe todo o meu enlevo e o tempo deixa de existir.


Foi assim que me surgiu Consuela Castillo, a jovem estudante que faz da vida do velho libertino professor Kepesh um pântano, em "dying animal" do Philip Roth, onde se pode ler:

"A única obsessão que toda a gente quer: 'amor'. As pessoas pensam que ao amar se tornam inteiras, completas? A união platónica das almas? Eu não penso assim. Penso que estamos inteiros antes de começarmos. E o amor fratura-nos. Estás inteiro e depois estás fraturado, aberto. | "The only obsession everyone wants: 'love.' People think that in falling in love they make themselves whole? The Platonic union of souls? I think otherwise. I think you're whole before you begin. And the love fractures you. You're whole, and then you're cracked open."

Depois, com o mesmo processo, cheguei a Maria das Mercês e ao seu olhar a Domingos, o criado mestiço que perdeu um braço e que "gastara a infância nos cais do Mindelo conduzindo marinheiros americanos com a sua voz branda e amável". Maria das Mercês, a esposa do engenheiro Tomás da Palma Bravo, que morre afogada na lagoa, agarrada pelos pés ao lodo do fundo, em 'O delfim' de José Cardoso Pires.





#oleo #retrato #literatura #josecardosopires #delfim

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  • Nélia Duarte
    • 2 de jan. de 2020
    • 1 min para ler

os anos 20 que ainda faltavam viver

Acabo o ano com cores fortes e começo os anos vinte com branco ligeiramente sujo de cor. 


Aplicar tinta com espátula é um processo que me agrada sempre, (muito, devo acrescentar) pela rapidez e pela imprevisibilidade da textura que deixa na tela, nem sempre controlada.  Acrescentei a esse processo o rasgo com a ponta da espátula abrindo caminho pela camada de tinta espessa. E foi um momento muito vivido espontâneo e feliz, principalmente na primeira tela (à dta) ; porque na segunda (à esq)  já foi tudo mais controlado, porque pensado, logo na aplicação da tinta diferenciando campos por cor; sulcar com a espátula já só contornou as figuras.


A escolha do nu nesta série de tinta desmaiada e aplicada com espátula é, para mim, óbvia. A expressão do corpo afectuosamente suavizada pelos tons. Parece-me justo afirmar que é uma série de princípio, de começos, maternalidade, vida, amor; mãe




Não consigo encontrar cá em casa o albúm "resistir é vencer" do Zé Mário; ainda assim ouço -o:

" Salvo pelo amor | Não existe derrota para a dor | Com o seu capital triturador | Não tem deus nem senhor É simplesmente dor | Que o que faz questao de ser |Sem entender | que a vida toda surgiu Dum sol que nunca se viu | Nem sei se existe "


Há homens que não nos deviam morrer. Pela falta que iremos sempre sentir; dos risos, dos abraços, das controvérsias disputadas sem rendição, da cumplicidade, do amor... e da poesia, das notas musicais.

De como eles eram, e foram e seriam se estivessem vivos, é coisa que nem é preciso dizer; quem os soube perceber, soube, sempre soube. #oleo #morte #saudades #pai #musica #josemariobranco

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  • Nélia Duarte
    • 24 de nov. de 2019
    • 1 min para ler

um self-portrait mais de dentro do que de fora ou como dúvidas me toldam o cristalino dos olhos

O pigmento da tinta a óleo, seja de que origem for, é uma maravilha.

Usei 4 cores nesta tela: branco, castanho, laranja, terra de siena.

Questionam-me, por vezes, porque escolhi eu o óleo? Agora, neste nosso tempo, em que todos somos sempre muito apressados e sem tempo.

A secagem é demorada, é, mas a execução directa permite a continuidade do trabalho até à sua conclusão sem paragens.

E, se outra razão não houvesse, o aveludado do óleo é um conforto.


Tenho tido alguns convites para integrar eventos expositórios mas tenho declinado; neste momento não desejo "mostrar-me", porque isso implica socializar e eu só desejo sossego e aprender tudo aquilo que puder.


Ouço, agora, "pode alguém ser quem não é" do Sérgio Godinho, álbum "Pré-Histórias" de 72


"Pode alguém ser livre /Se outro alguém não é /A corda dum outro / Serve-me no pé | Nos dois punhos, nas mãos | No pescoço, diz-me: |Pode alguém ser quem não é? "


#neliaduarte #selfportrait #oleo #musica #sergiogodinho

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