Nélia Duarte

24 de jan de 2019

observação, cubismo, geometria, puristas

Atualizado: 6 de abr de 2019

Estava a observar uma foto da obra Menace (1938) de Le Corbusier, a perceber a repetição de um C invertido e a identificar-me, uma vez que sempre que uso o que eu chamo de "traço alavanca"

[ o traço que descontraidamente faço ao começar um desenho - na foto, o C invertido assinalado a vermelho, desenhado a carvão faz algum tempo num bloco de desenho que uso quando não posso (mas preciso) desenhar no computador ],

esta é a curva que mais repito e que, muitas vezes, me leva a um perfil de rosto tal como acontece na obra Menace de Le Corbusier.

Cheguei à observação da obra de Menace de uma forma acidental, estava a ler, agora mesmo, sobre o cubismo na sua variante austera de verticais e horizontais, numa evidência da razão e do que é científico, em que os temas aceitáveis eram poucos, coisas de todos os dias reproduzidas com cores íntegras que garantiam que nenhum encanto sensual, ou motivo insinuante, diminuíam a harmonia matemática. 

E esta leitura (as coisas interligam-se sempre se nos dispusermos a pensá-las) aproximou-me de um desenho que fiz ontem à noite antes de desligar o computador e que, agora que o penso e observo à luz da madrugada e de um novo dia que começou cedo, me remete para o café, o sumo de laranja e as torradas do pequeno-almoço.

jan, 24, 2019

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